terça-feira, 14 de setembro de 2010

Tinha sido mais um daqueles dias em que tudo que eu mais quero é deitar na minha cama, ligar a televisão e dormir com ela ligada, sem querer.
Sai correndo do trabalho, peguei meu carro, com pressa. Na avenida que atravessava a rua paralela a que eu morava, tinha um pequeno restaurante. Nunca parava ali, pelo menos nunca sozinha.
Mas naquele dia eu olhei no relógio, e ele marcava quinze minutos a menos do que eu costumava chegar em casa. Resolvi parar.
Estacionamento fácil, não levei nem 3 minutos para manobrar. Entrei.
O ambiente tinha sido reformado e parecia que os donos tinham trocado o decorador. Agora estava uma coisa meio indiana, não sei explicar bem, dessas coisas eu não entendo nada.
Sentei em uma mesa ao lado da janela, o que me permitia estudar o movimento da rua e das pessoas que por ali passavam.
Um garçom novo, jovem, alto, robusto apareceu com o cardápio na mão, enquanto eu olhava as fotos dos pratos o rapaz falava sobre as sugestões do cheff e dele próprio.
Fiz meu pedido, ele se virou e foi para a cozinha.
Meu olhar o seguiu, logo que ele sumiu pela porta giratória branca, um reflexo irritou me olho, desviei o olhar rapidamente, mas tomada pela curiosidade voltei a olhar para a mesma direção.
Do outro lado do restaurante estava sentada uma moça com cara de menina. Uma moça que passeava suas mãos com unhas pintadas de vermelho pelos seus longos cabelos preto azulado. Era a pele mais branca que eu já tinha visto na minha vida, não consegui parar de olhar para ela. Os carros e as pessoas na rua, ficaram de lado.
A moça virou sua mão e mais uma vez o reflexo veio em minha direção, dessa vez, só cerrei o olho. Não conseguira desviar o olhar. Era seu relógio que fazia o reflexo, um relógio de pulso feito de metal. Parecia com o meu, o dela estava no pulso direito, o meu, no esquerdo.
Ela cortava um pedaço de carne em seu prato, tal delicadeza que parecia ser feito com dó.
Eu a observava.
Meu prato chegou. O dela acabou. Ela pediu a conta.
Minha comida esfriava no prato, enquanto eu imóvel, sentia meu coração acelerar.
Ela olhou em minha direção, ao encontrar seus olhos azuis, pela primeira vez consegui desviar o olhar.
Sentia o olhar dela agora em mim. Pouco antes de ela sair, olhei pra ela de novo. Ela sorriu e foi embora.
A minha noite tinha acabado.

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