sábado, 30 de outubro de 2010

E foi mais um daqueles dias em que eu poderia sair gritando na rua dizendo tudo que eu estava sentindo que não me importaria com a reação das pessoas.
Nada daquilo que estava ao meu redor me importava mais, meu coração parecia querer sair para fora de meu corpo, meus olhos só enxergavam em uma direção, a sua direção.
E eu poderia dizer que aquele fora o dia mais perfeito da minha vida se tivesse acontecido.
Acordei sentindo uma dor forte em minha cabeça, ao lado da minha cama uma garrafa de uísque vazia e um copo caído, haviam bitucas de cigarro por todos os lados, a televisão estava ligada e a porta entre-aberta.
Me sentia tonta, tentava desesperadamente lembrar do que havia acontecido naquela noite. Por um minuto não lembrei que dia era, pensei estar atrasada para o trabalho. Olhei no celular, era domingo, dia 21 de novembro.
Eu estava sem calças, elas estavam perto da televisão, ao lado de uma poça de água, provavelmente gelo derretido, e uma regata branca, justa ao corpo. Levantei, desliguei a televisão, minha cabeça parecia latejar agora, ainda escutava a voz da apresentadora de um tele-jornal local.
Fui até a sala, onde havia outra tv.
Deitada no sofá, cochilando estava ela. A mesma menina com a qual eu sonhara aquela noite. Minha melhor amiga, meu amor.
Agachei-me ao seu lado, observei-a dormir, oh Deus, de onde vinha tanta perfeição?
Ela me transmitia paz, só de vê-la meu coração se acalmava.
Não resisti, passei a mãe em seu rosto. Ela acordou, me olhou assustada, parecia não entender e isso me machucava. Era tão simples, eu só queria ela pra mim e ponto, mais nada. Pena que na prática não era assim, não reunira forças por todos esses anos que passamos juntas para dizer-lhe isso.
Ela sentou, olhou para mim, seus olhos azuis cor de mar me faziam navegar em meio à perdição de sua beleza.
-Você está melhor?
-Minha cabeça parece querer explodir, o que aconteceu? Como você veio pra cá?
-Você não lembra de nada?
-Lembro de quando abri a garrafa que está no meu quarto, bebi uma dose e fui para a festa, você estava lá?
-Não, você me ligou, dizendo que precisava conversar comigo e eu fui. Cheguei lá você já estava meio bêbada, eu tentei conversar contigo, mas foi quase impossível. Te trouxe até aqui e fui embora.
-Mas como você está aqui agora?
-Depois eu te explico direito, preciso ir agora.
-Não, fica mais um pouco, eu faço café.
-Não posso, não dá.
-Porque?
-Não posso.
Ela pegou sua jaqueta e suas chaves que estavam em cima da mesa e foi embora, antes de fechar a porta olhou para trás, poderia jurar que vi seus olhos cheios d'água se não estivesse com aquela terrível ressaca.
Meu dia passou normalmente, como qualquer domingo sozinha que passo, comendo pipoca e assistindo filme. Eram cerca de cinco da tarde quando meu interfone tocou, era o porteiro.
-Você está melhor?
-Sim, estou.
-Até eu fiquei preocupado, não tanto quanto aquela moça, mas fiquei.
-Ela se preocupou tanto assim?
-E como, te levou para o apartamento praticamente no colo, com todo o carinho. Tentou ir embora, mas voltou, acho que ficou com medo de te deixar sozinha.
Eu não entendi muito bem o porque, mas nada poderia me deixar mais feliz que aquilo. Ela tinha voltado por mim.
Tentei voltar a assistir meu filme, não consegui, não prestaria atenção em mais nada.
Peguei meu celular para ligar para ela, fiquei digitando e apagando seu número, incerta de que era a coisa certa a se fazer, o que eu teria dito para ela? Porque ela teve que sair tão depressa daquele jeito?
Estava digitando mais uma vez o seu número, quando o celular começou a vibrar, era ela.
-Hey, você vai ficar em casa agora?
-Sim, porque?
-A gente precisa conversar. Posso passar ai?
-Pode, estou te esperando.
O que aquilo poderia significar? Tentei não pensar tanto naquilo, em vão.
Arrumei por cima a bagunça que estava a casa, joguei fora a garrafa vazia e enquanto catava bitucas, a campainha tocou.
Sai correndo atender. Era ela.
Abri a porta, nossos olhares se encontraram, ela tentou desviar.
-Posso entrar?
-Como se você precisasse de permissão para entrar aqui.
Ela entrou, largou suas coisas com uma certa lentidão, evitava me olhar.
-Então, você disse que precisávamos conversar, sou toda ouvidos.
-Você não se lembra mesmo de nada do que aconteceu ontem? De nada do que você falou?
-Não, olha, desculpa se te incomodei, se te fiz perder tempo, se te falei besteiras, mas eu realmente não lembro de nada, se fiz algo que te magoou, me conte para que eu possa me desculpar.
Ela veio mais perto, sua respiração estava ofegante, ela me abraçou.
Meu coração acelerou.
Sussurrando em meu ouvido:
"Eu também te amo e quero você."
Ela virou meu rosto e meu beijou.
Eu ainda não sabia o que tinha feito naquela noite, mas agradeci à deuses que eu nem acredito por tê-lo feito.
Por fim, meu sonho não foi assim tão surreal.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

E mais uma vez eu me sinto sozinha, por mais pessoas que tenham ao meu redor, só consigo sentir a solidão e o vazio que toda vez que me iludo com aquelas palavras, aparecem fazendo com que eu queira morrer.

Morrer para acabar com essa angústia, a angústia que teu amor me dá, a angústia proporcionada por toda a incerteza de seu amor e sua fidelidade.

E eu insisto em ignorar os conselhos que aquelas pessoas que estão à minha volta me dão, com todo o intuito de me ajudar a fazer com que essa dor cesse, ou apenas com que ela se camufle, como todas as outras vezes em que depois de pensar, chorar e me desesperar por você, ela acabou se escondendo.

Talvez tenha se escondido com erros meus, sim, posso chamá-los de erros, pois qualquer ato meu que machuque outra pessoa com objetivo de me salvar deve ser considerado um erro.

Talvez até o erro específico seja te amar, esse amor doentio e obcecado que alimentas toda vez que enche a boca para dizer que me ama.

E mesmo que eu pense que o erro é meu, simplesmente por não conseguir, não, verbo errado, por não saber te dizer não e deixar que penses que para toda e qualquer obra eu estarei aqui.

Não conseguiria fugir, eu estarei sempre aqui, mesmo que me machuques como faz toda vez que se refere à outra pessoa com aquela sua euforia de garota apaixonada.

E porque eu insisto nisso tudo? Simplesmente pelo fato de que eu não sei viver sem você, por mais melodramático e absurdo que isso pareça, é a realidade, a minha realidade, a sua realidade. Assim como você não consegue viver sem mim, mesmo que seja para me ter como step para a hora em que seu coração chorar por outro alguém.

Entenda que nada do que eu te disse até hoje foi em vão, que nenhum sentimento que expressei ou guardei foi de mentira. Fora a realidade mais cruel que já enfrentei e enfrentei muitas e muitas vezes, sempre de cabeça erguida, sempre seguindo depois de cair de uma altura absurda.

Não é que eu goste de sofrer, a questão é que de todas as vezes que meu coração se partiu, ele já não sente mais tanta dor quanto sentia antigamente, no início. Na época em que não ligava tanto para sentimentos.

Mas hoje mudou, por mais jovens que nós sejamos, por mais tempo que tivermos até o fim, eu não sei mais se posso acreditar quando você diz que quer. Nem quando diz que me quer, nem quando diz que quer terminar.

Eu não sei mais como interpretar seus sentimentos e suas vontades. Eu me machuco toda vez que sinto que não ocupo um lugar tão especial, nem tão grande da sua vida.

Eu que já escrevi tanto sobre o amor, que já dei tanta opinião em relacionamentos de pessoas que eu conheço, pessoas que eu não conheço, que já fantasiei tanto com relação à isso sinto como se não soubesse mais nada, e eu realmente não sei mais o que fazer, nem o que pensar, nem onde me apoiar.

Eu queria de volta a inocência de criança, onde eu não conhecia sentimentos, onde qualquer bola me deixaria feliz e qualquer doce poderia me satisfazer.

Eu não quero mais meu coração.

sábado, 9 de outubro de 2010

E eu não sei porque, mas minha inspiração para escrever foi embora.
Eu senti saudades, eu senti ciúmes, eu senti inveja.
Além de tudo, eu me senti burra, eu me senti lerda, culpada.
E eu ainda senti que existem coisas que eu não sei sentir sozinha.
E eu não sei mais o que sentir.
Nossos olhares se encontraram, seguidos de um longo silêncio.
Eu não pensava em mais nada.
Não conseguiria desviar meu olhar de seus olhos, nem que eu quisesse.
O tempo parou, a chuva que caía barulhenta pareceu silenciar, mesmo com os pingos escorrendo pelo vidro.
O frio cessou, meu coração disparou.
Eu fui em sua direção, ela também veio.
Nossos lábios se tocaram, sentia minha mão tremer, minhas pernas ficaram bambas.
Ela se afastou de mim, sorria, eu também.
Ela me abraçou, acolhê-la em meus braços naquele momento talvez tenha sido a melhor coisa que eu já tenha feito.
Meu coração estava querendo sair para fora, achei que fosse infartar.
Foi com um beijo que tive certeza de que amo ela.
Simples assim, amor.