domingo, 2 de janeiro de 2011

Seja bem vindo 2011,
que contigo venham mais sorrisos e mais momentos dignos de serem lembrados no início de 2012.
E quando eu penso em todas as vezes que afirmei que eu não choro por quase nada, vejo que não é sempre assim.
Teve épocas em que realmente não derrubava uma lágrima sequer. Tempos em que sensibilidade não fazia parte do meu dicionário.
Mudei, como tudo que têm um ciclo aqui nesse mundo. Abri meu coração para uma pessoa, me permiti a paixão, o desejo, todas aquelas sensações novas para mim. E senti, vivi intensamente todos, absolutamente todos os momentos em que ingênua, acreditei que iriam perdurar para sempre. Não que eles tenham se apagado, mas não foram o suficiente para me fazer sorrir por todos os dias da minha vida.
Até que ela derrubou meu coração no chão e indiferente, o fez sangrar.
Tranquei meu coração em uma caixa. Não o permiti mais sentir, fragilizado ele obedeceu.
Permaneci fria por muito tempo, ainda derrubava lágrimas, toda vez que aquela que o fez sangrar sem ao menos oferecer ajuda vinha confundir meus sentimentos que por mais trancados que estivessem, não desapareceram.
Decidi então jogar a chave fora, cansada de sofrer decidi que era hora de parar de sentir mais uma vez.
Pouco tempo passou até que outra pessoa apareceu.
Veio do nada, foi conquistando pouco a pouco a minha confiança, o meu sorriso e até me atrevo a dizer que conquistou minha dor também. Me entendia, me compreendia, sabia exatamente o que eu sentia, o que eu queria.
Ela conseguiu tirar o meu coração daquela caixa sem que eu percebesse.
O tratou bem, tão bem que o fez dependente de seu carinho.
Tão dependente que quando saiu de perto, o fez sangrar mais uma vez.
Hoje me vi sozinha e frágil, chorando ao ver um filme.
Não foi pelo filme em si, mas entendi o sentimento do filme, o que me fez ter certeza de que por mais que ele tenha sangrado, de que ela esteja longe, que eu tenha que me conformar de que não há nada que eu possa fazer, não quero mais trancar meu coração, quero continuar sentindo, quero continuar sofrendo. Porque enquanto eu puder chorar por alguém, eu posso ter certeza de que ainda estou viva.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ela chegou em casa após um longe e cansativo dia de trabalho, ansiava pelo seu canto, pelo seu mundo, por aquela paz que sentia apenas quando se sentia livre e segura, agradeceu por não ter mais ninguém em casa, largou sua bolsa em um canto da sala, enquanto se dirigia para a cozinha foi desabotoando a blusa que tanto lhe incomodava. Largou-a em uma cadeira, fazia calor naquele dia, mas sentia-se um tanto fria. Abriu a geladeira e pegou uma cerveja. Foi até seu quarto com certa euforia e ansiedade, vestiu sua regata velha e desbotada, sua preferida, sentou na cama, abriu a cerveja, tomou um longo gole e pegou seu violão.
Tocava as melodias mais tristes que tinha aprendido até então. Seus dedos passeavam leves por sobre as cordas que retribuíam o carinho com tal tonalidade que dera vontade de chorar. Fechou seus olhos e na sua cabeça veio a imagem daquele sorriso, o sorriso que a fizera mudar de cidade em busca de paz, e que em raros momentos tinha sentido ali, naquela busca incessante por aquilo que a fazia realmente feliz.
Entre notas e goles de cerveja ouviu a porta da frente se abrir, seu instantâneo momento de reflexão inconsciente sobre a verdadeira felicidade estava prestes a se acabar.
-Está em casa, amor? -perguntou a voz que não desejava ouvir naquela noite.
-Sim, cheguei mais cedo hoje.
-Resolveu fugir?
-Quem dera se pudesse.
Olhou para a aliança dourada que brilhava em seu dedo e logo desviou seu olhar para a frase tatuada em torno de seu antebraço “Amor addit alas”, já meio apagada, concentrou-se ali.
Ele batera de leve na porta do quarto, ela se virou para ele.
-Tudo bem contigo?
-Acho que preciso retocar essa tatuagem. -ele sentou na beirada da cama, olhou para a cerveja e para as olheiras que ela estava.
-Não, você não está bem.
Ele puxou sua corpo para junto ao dele, ela gostava do abraço dele, a confortava, mas não se sentira muito bem junto a ele naquela noite.
-O que aconteceu?
-Nada, na verdade, não sei.
Ele sentira sua nostalgia, talvez ele a conhecesse melhor do que ela mesma, começava a se questionar se ambos fizeram o correto.
-Que que eu faça alguma coisa?
-Apenas que me deixe tocar mais um pouco sozinha.
-Ok, tomarei um banho, se precisar é só gritar. -ele beijou sua testa, pegou seu pijama e dirigiu-se ao banheiro.
Ele ligou o chuveiro e devagar entrou embaixo da água fria, que caíra por seu corpo como se fosse uma mãe tentando desesperadamente alertar seu filho de um perigo iminente. Ele fechou seus olhos e pôs-se a pensar.
Ela terminou a cerveja e depois de um dedilhado que parecia sussurrar tudo o que ela sentia, largou o violão e se deitou, passava a mão por sua tatuagem, lembrando do dia que foi feita e do porque daquela frase. Possuída pela nostalgia, fechara os olhos também. Depois de um tempo, pegou no sono.
Ele saiu de seu banho após derrubar algumas lágrimas discretas que se misturavam à água que escorria de seu rosto, não vestiu seu pijama, foi até o quarto enrolado na toalha e vestiu um agasalho esportivo. Sentou na cama mais uma vez, passou a mão pelos cabelos loiros dela.
-Eu te amo, sabia?
Ela se mexeu e sem abrir os olhos, indagou o porque.
-Eu também gostaria de saber, mesmo gostando do mistério que é esse sentimento pra mim, as vezes me pego pensando no porque ainda insisto nisso,porque ainda insisto em nós, nessa minha fantasia, acho que você não sente o mesmo, não sei, mas é o que parece quando te vejo assim, com feição de quem está pensando em outra coisa e não está “aqui”. Você me ama?
Silêncio, ela havia dormido de novo, dessa vez ele olhou para a aliança, respirou fundo, levantou.

No outro dia o telefone tocou de manhã, ela levantou correndo atender, era do banco oferecendo uma promoção, ela desligou. Do lado do telefone tinha um bilhete.
“Eu sei que eu te amo e sei os motivos, mas acho que você deveria ter um pouco mais de coragem para poder ver quem você realmente ama. E de tanto eu te amar, estou deixando você livre para pensar no que você quer fazer.
Se precisar de mim para qualquer coisa, estarei no meu celular, só não me peça para voltar, eu sei que isso será melhor para nós dois.
Eu te amo.”
Um tanto perplexa com aquilo ficou parada ali, em pé por alguns minutos que não saberia dizer quantos foram, olhou no relógio, eram 11 e meia da manhã, foi até a cozinha pegar algo para comer, seu corpo estava fraco. Preparou um sanduíche e foi para a frente da televisão.
O telefone tocou mais uma vez, ao ouvir a voz do outro lado da linha quase ficara muda, seu coração ao mesmo tempo que batia descompassado sentia uma tranquilidade que buscara desde o dia anterior.
-Me vi pensando incessantemente em nossa tatuagem desde ontem e resolvi te ligar para ver como você está, sinto tanta saudades tua!
Era a sua melhor amiga no telefone, ela morava em outra cidade, na cidade que antes moravam as duas.
-Eu também estou morrendo de saudades de você.
O papo se estendeu por horas, horas de risos e felicidade.
-Pensei em ir visitar vocês esse feriado, vocês estarão em casa?
-Esqueci de te falar, nós estamos dando um tempo, mas eu estarei em casa, pode vir!
-Mas tempo porque? O que aconteceu?
-Ah, venha que eu te explico tudo pessoalmente.
-Haha, desculpa para eu ir né? Tudo bem, chegarei aí amanhã de tardezinha, tenho algumas pendências a resolver aqui ainda.
-Estarei te esperando.
Elas desligaram, um alívio tomou conta da casa. Ela foi até o quarto e pegou seu diário, escreveu tudo que estava sentindo, foi até o banheiro e o deixou em cima do armário.
Anoiteceu, ela foi fazer algo para comer, passou o dia sem comer nada além do sanduíche de manhã.
Pegou uma lasanha congelado e colocou no micro-ondas para esquentar, se sentiu tonta e foi até a sala, que ficava ao lado sentar. Sentiu um aperto no coração, pegou o telefone e ligou para a sua amiga.
-Oi, aconteceu alguma coisa?
-Não, só liguei para dizer que te amo e não te deixar esquecer que independente do que aconteça, ou do que o mundo nos reservar, eu sempre estarei perto de você e eu sempre te amarei.
Nenhuma das duas tinha entendido muito bem o sentido daquilo.
-Eu sei amor, eu também sempre estarei perto de você, te amando, te aturando e te segurando.
Ela desligou, a luz começou a fraquejar, ela imaginou que seria alguma queda de luz que acontecia meio direto em sua casa, sentiu cheiro de queimado vindo da cozinha, não ouvia mais o barulho do micro-ondas funcionando, resolveu ir até lá. Ao chegar perto já podia ver uma labareda de fogo que queimava selvagemente a cortina que ficava próxima à tomada, correu para o quarto pegar o extintor. Na hora em que chegou já podia ver o fogo saindo pela janela, olhou para o fogão, paralisou, naquele momento, silêncio, aquele sorriso veio de novo à sua mente. O fogo atingiu o botijão de gás.

A melhor amiga tentava insistentemente ligar para ela ainda naquela noite, não conseguia resposta, pegou o carro e dirigiu sem parar até a casa dela.
De longe dava para ver a fumaça escura que subia de alguma casa perto da casa dela.
A cada metro que chegava mais perto entrava cada vez mais em desespero. Era madrugada.
Chegou enfim na casa, agora metade em ruínas, imóvel seu olhar fixou naquele carvão que tinha virado a casa que tanto lhe fazia feliz. Viu ele vir correndo em sua direção, com os olhos inchados e a voz presa por um grito que ansiava em sair, abraçou-a, ela desandou a chorar.
-Ela estava...?
-Sim, lá dentro...
Ela então reparou no carro do IML que estava parado ali, junto com o caminhão de bombeiro e os carros da polícia.
Ele tinha na mão um caderno, intacto. Desgrudou-se dela.
-Acho que isso deve ficar contigo. -era o diário dela.-o policial disse que estava no banheiro, que não pegou fogo e incrivelmente permaneceu intacto, eu sempre respeitei ela e sinceramente não quero ler o que está escrito aí, tenho certeza que ela gostaria que você lesse o que está escrito, e tenho certeza também que o que está escrito envolve você. Eu a amei demais, mas acho que o papel de melhor amigo deveria ter ficado pra mim e o de amante para você. Eu vou sair daqui, estou ficando louco, preciso respirar, se quiser, pode passar lá na casa de um amigo meu, onde estou “hospedado”- ele entregou um bilhete com um endereço, um telefone fixo e um celular- pode ligar se precisar.
Ela olhava para o diário em suas mãos, tentando não olhar para a casa, evitando um desespero ainda maior. Entrou em seu carro e dirigiu até um campo de futebol de arei mal tratado que tinha ali pelos arredores, era onde elas iam conversar, assistindo as crianças jogando bola e relembrando de seus tempos de crianças e adolescentes inconsequentes, ergueu as mangas e ficou estudando a frase em latim tatuada em seu antebraço. Lembrou da briga que foi para escolher aquela frase.
“Mas olha, pensa comigo, nós duas sempre tivemos vontade de voar e sempre quisemos a liberdade para nós, quando estamos juntas, o nosso amor permite que voemos nem que seja com pensamentos, o NOSSO amor NOS dá asas”
Lágrimas escorriam constantemente de seus olhos ao lembrar, soluçava chorando feito criança.
Abriu o diário e começou a ler as primeiras páginas, tinha escrito algumas piadinhas sem graça que ela vivia fazendo, alguns relatos do que acontecera naquele determinado dia, alguns lembretes de médico, compras e pagamento de contas. Começou a folhear, no meio haviam poemas não assinados, ela sempre quis ler um de seus poemas, mas nunca lhe fora permitido. Continuou folheando, até chegar à última folha que continha alguma daquelas palavras doces.
“Hoje quando vi aquele bilhete que ele me deixou realmente parei pra pensar nos meus sentimentos, nas coisas que importam pra mim, nas coisas ao qual fugi, nas coisas que pensei fazer certo e que em determinado momento só me fizeram perceber que não adianta eu fazer o que eu acho que está certo não sendo o certo. Pensei nela enfim, nos anos em que passamos juntas, nas coisas que prometemos, que dissemos uma para a outra, nas loucuras que fizemos, os sonhos que realizamos e finalmente na merda que eu fiz ao tentar me livrar de uma coisa que talvez só tenha conseguido dar nome agora, não, espera, eu não sei dar um nome para isso, mas eu sei o que é, eu sei como fez com que eu me sentisse, e eu sei que casar com ele, por mais que eu não considere que foi uma besteira, por realmente gostar dele, foi um certo erro, porque o fiz com objetivo de esquecer ela, coisa que não aconteceu, não consigo olhá-la como uma amiga, nem como melhor amiga, eu a considero mais do que isso, ela é minha amiga, minha melhor amiga, minha irmã, minha companheira, meu amor, mas gostaria que ela fosse também a minha amante. Espero que agora que ela vem pra cá depois de tanto tempo (isso se eu não morrer de ansiedade esperando por ela) eu possa dizer para ela tudo o que eu sinto, e espero que ela não me leve a mal, não sinta nojo de mim, não me odeie... Agora eu sei o que eu preciso: DELA, ah, e como eu amo ela *---*”
Lágrimas e mais lágrimas, olhou para o lado, o balanço balançava sozinho, não havia vento, o balanço parou, ela sentiu um calafrio, podia sentir perfeitamente o cheiro dela.
“Eu sempre estarei perto de você e eu sempre te amarei.”
Se eu fizer amor com a minha metade, isso pode ser considerado masturbação?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Hoje, independente do dia que seja, é o dia em que se deve fazer com que a vida valha a pena.
É o dia que deve ser aproveitado como se fosse o seu último dia de vida.
Espera, se eu soubesse que esse seria meu último dia de vida, eu não aproveitaria-o fazendo loucuras como todas as pessoas que são questionadas quanto ao que fariam em seu último dia fariam.
Porque eu já tive 17 anos para fazer as coisas que me deram vontade ou que fariam sentido para mim.
Nostalgia, coisa que me irrita. A vida é o que eu quis que ela fosse ou ainda o que o resto do mundo permitiu que ela fosse. Como já afirmado, não me arrependo de nada do que fiz, talvez até nem mesmo do que deixei de fazer. Motivos existiram, sempre existirão, porque é exatamente o que me faz continuar vivendo, de cabeça erguida, ou não.
Se hoje fosse meu último dia de vida, eu não gastaria ele lembrando das coisas que me fizeram sorrir, das pessoas que me fizeram sorrir ou até mesmo chorar. Não me despediria de ninguém, escreveria, passaria todo o tempo sentada, sozinha, escrevendo todas as coisas que senti, que sinto, agradecendo, criticando, qualquer coisa que me desse vontade de escrever, mas apenas escrever. Não falaria com ninguém, não iria atrás de ninguém, não avisaria ninguém.
Colocaria meu fone, ouviria todas as músicas que me tocaram, mas sem sentir saudades, sem derrubar nenhuma lágrima.
As pessoas que fizeram e fazem diferença na minha vida, sabem disso. Mesmo que eu nunca tenha dito.

sábado, 30 de outubro de 2010

E foi mais um daqueles dias em que eu poderia sair gritando na rua dizendo tudo que eu estava sentindo que não me importaria com a reação das pessoas.
Nada daquilo que estava ao meu redor me importava mais, meu coração parecia querer sair para fora de meu corpo, meus olhos só enxergavam em uma direção, a sua direção.
E eu poderia dizer que aquele fora o dia mais perfeito da minha vida se tivesse acontecido.
Acordei sentindo uma dor forte em minha cabeça, ao lado da minha cama uma garrafa de uísque vazia e um copo caído, haviam bitucas de cigarro por todos os lados, a televisão estava ligada e a porta entre-aberta.
Me sentia tonta, tentava desesperadamente lembrar do que havia acontecido naquela noite. Por um minuto não lembrei que dia era, pensei estar atrasada para o trabalho. Olhei no celular, era domingo, dia 21 de novembro.
Eu estava sem calças, elas estavam perto da televisão, ao lado de uma poça de água, provavelmente gelo derretido, e uma regata branca, justa ao corpo. Levantei, desliguei a televisão, minha cabeça parecia latejar agora, ainda escutava a voz da apresentadora de um tele-jornal local.
Fui até a sala, onde havia outra tv.
Deitada no sofá, cochilando estava ela. A mesma menina com a qual eu sonhara aquela noite. Minha melhor amiga, meu amor.
Agachei-me ao seu lado, observei-a dormir, oh Deus, de onde vinha tanta perfeição?
Ela me transmitia paz, só de vê-la meu coração se acalmava.
Não resisti, passei a mãe em seu rosto. Ela acordou, me olhou assustada, parecia não entender e isso me machucava. Era tão simples, eu só queria ela pra mim e ponto, mais nada. Pena que na prática não era assim, não reunira forças por todos esses anos que passamos juntas para dizer-lhe isso.
Ela sentou, olhou para mim, seus olhos azuis cor de mar me faziam navegar em meio à perdição de sua beleza.
-Você está melhor?
-Minha cabeça parece querer explodir, o que aconteceu? Como você veio pra cá?
-Você não lembra de nada?
-Lembro de quando abri a garrafa que está no meu quarto, bebi uma dose e fui para a festa, você estava lá?
-Não, você me ligou, dizendo que precisava conversar comigo e eu fui. Cheguei lá você já estava meio bêbada, eu tentei conversar contigo, mas foi quase impossível. Te trouxe até aqui e fui embora.
-Mas como você está aqui agora?
-Depois eu te explico direito, preciso ir agora.
-Não, fica mais um pouco, eu faço café.
-Não posso, não dá.
-Porque?
-Não posso.
Ela pegou sua jaqueta e suas chaves que estavam em cima da mesa e foi embora, antes de fechar a porta olhou para trás, poderia jurar que vi seus olhos cheios d'água se não estivesse com aquela terrível ressaca.
Meu dia passou normalmente, como qualquer domingo sozinha que passo, comendo pipoca e assistindo filme. Eram cerca de cinco da tarde quando meu interfone tocou, era o porteiro.
-Você está melhor?
-Sim, estou.
-Até eu fiquei preocupado, não tanto quanto aquela moça, mas fiquei.
-Ela se preocupou tanto assim?
-E como, te levou para o apartamento praticamente no colo, com todo o carinho. Tentou ir embora, mas voltou, acho que ficou com medo de te deixar sozinha.
Eu não entendi muito bem o porque, mas nada poderia me deixar mais feliz que aquilo. Ela tinha voltado por mim.
Tentei voltar a assistir meu filme, não consegui, não prestaria atenção em mais nada.
Peguei meu celular para ligar para ela, fiquei digitando e apagando seu número, incerta de que era a coisa certa a se fazer, o que eu teria dito para ela? Porque ela teve que sair tão depressa daquele jeito?
Estava digitando mais uma vez o seu número, quando o celular começou a vibrar, era ela.
-Hey, você vai ficar em casa agora?
-Sim, porque?
-A gente precisa conversar. Posso passar ai?
-Pode, estou te esperando.
O que aquilo poderia significar? Tentei não pensar tanto naquilo, em vão.
Arrumei por cima a bagunça que estava a casa, joguei fora a garrafa vazia e enquanto catava bitucas, a campainha tocou.
Sai correndo atender. Era ela.
Abri a porta, nossos olhares se encontraram, ela tentou desviar.
-Posso entrar?
-Como se você precisasse de permissão para entrar aqui.
Ela entrou, largou suas coisas com uma certa lentidão, evitava me olhar.
-Então, você disse que precisávamos conversar, sou toda ouvidos.
-Você não se lembra mesmo de nada do que aconteceu ontem? De nada do que você falou?
-Não, olha, desculpa se te incomodei, se te fiz perder tempo, se te falei besteiras, mas eu realmente não lembro de nada, se fiz algo que te magoou, me conte para que eu possa me desculpar.
Ela veio mais perto, sua respiração estava ofegante, ela me abraçou.
Meu coração acelerou.
Sussurrando em meu ouvido:
"Eu também te amo e quero você."
Ela virou meu rosto e meu beijou.
Eu ainda não sabia o que tinha feito naquela noite, mas agradeci à deuses que eu nem acredito por tê-lo feito.
Por fim, meu sonho não foi assim tão surreal.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

E mais uma vez eu me sinto sozinha, por mais pessoas que tenham ao meu redor, só consigo sentir a solidão e o vazio que toda vez que me iludo com aquelas palavras, aparecem fazendo com que eu queira morrer.

Morrer para acabar com essa angústia, a angústia que teu amor me dá, a angústia proporcionada por toda a incerteza de seu amor e sua fidelidade.

E eu insisto em ignorar os conselhos que aquelas pessoas que estão à minha volta me dão, com todo o intuito de me ajudar a fazer com que essa dor cesse, ou apenas com que ela se camufle, como todas as outras vezes em que depois de pensar, chorar e me desesperar por você, ela acabou se escondendo.

Talvez tenha se escondido com erros meus, sim, posso chamá-los de erros, pois qualquer ato meu que machuque outra pessoa com objetivo de me salvar deve ser considerado um erro.

Talvez até o erro específico seja te amar, esse amor doentio e obcecado que alimentas toda vez que enche a boca para dizer que me ama.

E mesmo que eu pense que o erro é meu, simplesmente por não conseguir, não, verbo errado, por não saber te dizer não e deixar que penses que para toda e qualquer obra eu estarei aqui.

Não conseguiria fugir, eu estarei sempre aqui, mesmo que me machuques como faz toda vez que se refere à outra pessoa com aquela sua euforia de garota apaixonada.

E porque eu insisto nisso tudo? Simplesmente pelo fato de que eu não sei viver sem você, por mais melodramático e absurdo que isso pareça, é a realidade, a minha realidade, a sua realidade. Assim como você não consegue viver sem mim, mesmo que seja para me ter como step para a hora em que seu coração chorar por outro alguém.

Entenda que nada do que eu te disse até hoje foi em vão, que nenhum sentimento que expressei ou guardei foi de mentira. Fora a realidade mais cruel que já enfrentei e enfrentei muitas e muitas vezes, sempre de cabeça erguida, sempre seguindo depois de cair de uma altura absurda.

Não é que eu goste de sofrer, a questão é que de todas as vezes que meu coração se partiu, ele já não sente mais tanta dor quanto sentia antigamente, no início. Na época em que não ligava tanto para sentimentos.

Mas hoje mudou, por mais jovens que nós sejamos, por mais tempo que tivermos até o fim, eu não sei mais se posso acreditar quando você diz que quer. Nem quando diz que me quer, nem quando diz que quer terminar.

Eu não sei mais como interpretar seus sentimentos e suas vontades. Eu me machuco toda vez que sinto que não ocupo um lugar tão especial, nem tão grande da sua vida.

Eu que já escrevi tanto sobre o amor, que já dei tanta opinião em relacionamentos de pessoas que eu conheço, pessoas que eu não conheço, que já fantasiei tanto com relação à isso sinto como se não soubesse mais nada, e eu realmente não sei mais o que fazer, nem o que pensar, nem onde me apoiar.

Eu queria de volta a inocência de criança, onde eu não conhecia sentimentos, onde qualquer bola me deixaria feliz e qualquer doce poderia me satisfazer.

Eu não quero mais meu coração.