domingo, 29 de agosto de 2010

Ao desligar o telefone Rafaela sai correndo do seu quarto, passa pela sala onde sua mãe está assitindo a novela, bate a porta com força e senta no quintal, naquele mesmo lugarzinho escondido a qual passava horas olhando a lua e as estrelas com Andréia. Sua mãe vem atrás e pergunta o que aconteceu, Rafaela já não tem mais nenhuma desculpa para justificar as lágrimas que caíam de seus olhos.
-Briguei com a Andréia! Me deixa quieta aqui, eu quero ficar sozinha!
-Brigou com aquela sua amiga estranha? Eu falei que não era para você continuar falando com ela, aquela menina estranha...

Sua mãe ficou um tempão ali parada ao seu lado a culpando por algo que ela nem tinha certeza do que era, mas ela já não tinha noção do tempo e não prestava mais atenção no que a mãe dizia. Levantou a cabeça, olhou para o céu e reparou que estava escuro, mais escuro que o normal, não enxergava a Lua e as estrelas não pareciam ter muita vontade de brilhar naquela noite fria. O vento estava forte e gelado, sentindo ele bater na sua cara se deu conta de que não teria mais as mãos quentes e firmes de Andréia para segurar as suas, não sentiria mais os lábios grossos e carinhosos de sua amada junto aos seus, sentiu então um forte aperto no coração, levantou e reparou que sua mãe não estava mais ali.
Foi até o seu quarto após algumas horas sozinha no frio, ligou o rádio, na estação que ela sempre ouvia, e logo começou a tocar aquela música que ela tinha declarado à Andréia uma semana antes e saiu tropeçando no lençol jogado ao chão para desligar o rádio. Sem mais nada fazendo sentido, pegou o celular e discou o número de sua amada, discava e apagava, discava e apagava, fez isso umas sete vezes e sem mais forças para nada pegou no sono com o celular na mão.
Era umas 3 e meia da manhã quando sentiu seu celular vibrar, acordou rápido com uma pontinha de esperança dando a ela uma vontade enorme de gritar, antes que o celular começasse a tocar aquele toque tosco que sempre fazia Andréia rir ela atendeu, não deu tempo nem de olhar quem era, sem noção de horário, falava alto, do outro lado da linha uma voz trêmula implorava para que ela diminuisse o tom da sua voz.
-Me desculpa Rafa, eu fui uma idiota, eu sei que você não teve culpa, eu sei que não teve sentimento, eu te amo, eu não posso ficar nem mais um minuto sem você! Me perdoa?
Abalada com aquelas palavras que sonhou ter ouvido, Rafaela não tinha palavras, não conseguia emitir uma palavra que não parecesse um grunhido e antes que pudesse falar algo Andréia prosseguiu:
-Olha, eu sei que fui estúpida contigo, que eu fui irracional, mas... você sabe o quanto você significa pra mim! Você sabe que a idéia de ter que imaginar você com outro me enoja, me deixa tonta e perdida. Eu sei que foi a sua prima quem te obrigou, eu conheço a tua mãe, sei que ela não aceitaria e sei o quanto ela é importante para você. Por favor me perdoa!
Rafa já não sentia mais as suas pernas, chegou perto da janela e sentiu seu coração bater tão forte quanto na primeira vez em que se beijaram
-Amor, viu como praticamente não tem estrelas no céu hoje?
-Elas estão tão abaladas quanto eu, me perdoa?

Rafa se sentia cada vez mais machucada a cada palavra que saía da voz doce e firme de Andréia que agora soava meio gaga, meio triste e tentando ser o mais firme possível disse que estava indo para a casa de Andréia naquele momento.
Andréia não teve tempo de responder, Rafa, antes de se arrepender, chamou um táxi e desligou o celular.
O táxi chegou em menos de 10 minutos na frente da casa de Rafa, o que para ela, parecia uma eternidade, já que cada segundo insistia em se arrastar.
Levou mais 15 minutos para chegar na casa de Andréia, Rafa esqueceu de pegar o troco e saiu corredo do táxi, batia desesperadamente na porta e Andréia demorou um pouco para abrir, quando ela ouviu o barulho das chaves girando sentiu seu coração pulsar mais uma vez e logo que Andréia apareceu na porta Rafa a agarrou como nunca tinha feito a ninguém antes, com tal paixão que nem se deu conta de que a porta ainda estava aberta e o táxi parado ali na frente, Andréia, com os olhos inchados, fechou a porta, abraçou Rafa, olhou em seus olhos doces que sempre foram o motivo de seu sorriso e disse:
-Seu cabelo nunca esteve tão lindo!
Rafa passou a mão pelos seus longos cabelos pretos e lembrou que não tinha penteado, nem se arrumado. As duas caíram na gargalhada e Rafa lembrou de todos os momentos em que Andréia a tinha feito sorrir, elas então se beijaram numa intensidade a qual nunca imaginou.
Andréia deu um leve empurrãozinho em Rafa, que a olhou com um olhar meio perdido e mais uma vez com a voz firme, que sempre confortava Rafa nos seus piores momentos disse
-Eu te amo mais que tudo, fica comigo essa noite...

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