segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ela sentia as gotas pequenas de chuva caírem finas sobre seu moletom preto. Podia sentir o cheiro dela em sua roupa. Atravessou a rua sem olhar para os lados, no lado esquerdo não vinha carro, ao ouvir uma buzina parou. Estava em cima da faixa amarela, no meio da pista. Ergueu a cabeça, naquele momento vinham carros dos dois lados da rua. Ela continuava parada. Não sentira medo, os carros passavam por ela fazendo vento. Tão perto que ela poderia até dizer se o carro usava gasolina ou álcool, se seu pensamento não estivesse tão longe.
Estava frio aquele dia, ela sentia o vento bater em sua cara, cortante, mas aquilo não a afetava naquele momento.
Ela erguera a cabeça, liberando um longo suspiro, tentando aliviar a angústia. Tentativa vã.
Ao atravessar a rua, vira algo inusitado. Mais uma vez a borboleta branca estava pousada, batendo levemente suas asas sobre uma flor que ela não saberia dizer qual é, mas que eu tenho quase certeza de que era um lírio.
Continuou andando, dessa vez em direção da borboleta. A mesma, ainda imóvel.
Chegou perto, parou. Sua mente se livrou por um instante de todos aqueles pensamentos que a assombraram pela manhã inteira.
Ela tentou encostar na borboleta, que logo voou alto, impossibilitando que fosse tocada.
Ela ficou observando, até que não sentiu mais nenhum pingo de chuva. Olhou para o chão e logo para o céu, as nuvens deram espaço para que o sol aparecesse. Brilhante.
Atordoada, tentou achar a borboleta, mas ela tinha sumido.
Com o sol ainda brilhante, seu celular tocou.
Era a única pessoa com a qual ela desejava infinitamente falar.

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